Sempre
fui apaixonado por cemitérios, para mim, é um dos lugares mais tranquilo para
ler, estudar e filosofar sobre a vida. Quando descobri que Omolú é o rei da
Calunga pequena, fiquei imensamente feliz.
Continuando nesta pesquisa a cerca da religiosidade afrobrasileira,
proponho o conhecimento do Orixá Omolú. Desta vez utilizo como base para a
produção deste texto introdutório, os sites: “Raízes Espirituais” e “O Candomblé”.
Omolú/Obaluaiê
é o senhor das doenças, Orixá da renovação dos espíritos, senhor dos mortos e
regente dos
cemitérios; considerado o campo santo entre o mundo material e o
mundo espiritual. É conhecido como Obaluaiê no Candomblé,
como Obaluaê
na Umbanda,
como Xapanã
no Batuque.
Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não
devendo ser mencionado, pois pode atrair a doença inesperadamente.
Omolú
está ligado ao interior da terra (ninù ilé) o que o liga com o fogo, já que
esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais
profundas do planeta. Toda a reflexão em torno do Orixá coloca-o como ligado a
terra, o que pode ser mais devastador que o fogo? Resposta exata a esta
pergunta retórica – Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por
Omolú!
Cercado
de mistérios; sua origem é incerta, e em distintas regiões da África eram
cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus. Poderia
ser o rei dos Tapas, originário da região de Empê. Em território Mahi,
no antigo Daomé, chegou
aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como
acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e
o contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não
deixou de ser saudado como Rei de Nupê
em pais Empê.
As
pipocas, o deburu, maior símbolo do
Orixá, são suas oferendas prediletas; um deus poderoso, guerreiro, caçador,
destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda
preferida. Sua relação com a morte dá-se pelo fato de ele ser a terra, que
proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem
nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua
frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a
terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.
Obaluaiê
andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem
algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à
Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo e conheceu todas as
suas dores. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres; muito antes
da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde
superar a crueldade dos “senhores”, mas de doenças livrou muitos negros e até
hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta.