Discurso
proferido no lançamento da Antologia: “Mais do que palavras”, no espaço Scortecci em 10/Dez/2016.
Sempre pensei que em
momentos como este deveria ser o menos formal possível. Já que aqui terão
acesso a apenas uma parte do autor, que ele seja de sorrisos e alegre
confraria. Isto porque, terão no conto “Caos de Sandra”, que publico com o
apoio do Grupo Editorial Scortecci, apenas uma parte de mim. Assim, sinto-me obrigado a me apresentar.
Entendam – eu acredito
em deusas. E não sou o único:
Camões também o era. O
sensor da inquisição, munido de uma grande desconfiança, proferiu antes da
liberação à publicação de Lusíadas a seguinte sentença: Fica, porém, sempre salva a verdade de nossa santa fé, pois que todos
os deuses dos gentios são demônios. O sensor falava das ninfas, das deusas
gregas que Camões empresta da mitologia ocidental para compor a sua epopeia.
Freud também tinha convicção
nas deusas, ao seu modo psicanalítico, mas tinha. Escreveu que o amor do filho
é tão grande pela deusa que o fez – a sua mãe – ao ponto de desejar a morte (do
pai) para que a deusa seja somente dele. Deste conflito emergido da mitologia tebana,
Freud cunhou o termo mais aclamado pela psicanálise: Conflito de Édipo.
Eu creio, sem medo, que
a natureza – é Deusa! Múltiplas e infindas. Também, a água é múltipla, existem as
marés dos rios, as quedas d’águas em cachoeira, a revigorante água do mar, as
gélidas águas das grutas. Os indígenas denominam de Uiara, a deusa dos rios. Os
afrodescendentes de cultura religiosa chamam de Iemanjá: a rainha do mar e
Oxum: a deusa das águas doces.
E eu vou mais além...
Para mim as deusas, também são vocês – mulheres! Que reinam no dia-a-dia do seu
existir. Que guerreiam rompendo a margem preconceituosa do poder da
testosterona. Há em cada uma de vocês, deusas. Por isso, o conto que publico
hoje, é sobre a mulher. E o que de mais sublime há em vocês. A função biológica
do aviso da vida. A cor do seu existir.
Aquilo que você ama e odeia. O tabu. O cochichado. O que bota medo
quando atrasado. O que te faz suspense: A menstruação.
Puxei de dentro de mim
a feminilidade. E imaginei que surgiria magicamente uma linda mulher na minha
frente – desculpe a jocosidade, mas de preferência nua e etérea – mas a deusa
que me soprou o conto foi a Literatura.

No lançamento de “Mais
do que palavras” teve-se um considerado número de autores, que muito
provavelmente invocaram suas deusas. E tiveram a coragem, junto comigo, de expô-las
ao público. Eu, Robson Di Brito, agradeço a cada autor que participou da
Antologia: “Mais do que palavras”. Obrigado por partilharem conosco mais do que
palavras.
E a vocês, magníficos
leitores, eu desejo um MARAVILHOSO encontro com nossas deusas.
Obrigado.