Discurso de abertura da apresentação de “Um
canto à Méta-Metá”
no Sintegra 2017, na UFVJM.
A formação do grupo “Um canto à Méta-Metá” é uma iniciativa coletiva em prol da
cultura afro-brasileira. Cada componente contribui com sua habilidade à
promoção e divulgação de um dos braços que mais sofre preconceito no Brasil – as
religiões de matriz africana e afro-brasileiras.
Seu nome provém de um dos Orixás mais
controversos e pouco estudado do panteão iorubano: Lógunède (da trindade Oxum, Oxóssi e Logun). O livro Mãe, Pai & Lógunède escrito por
Robson Di Brito em 2016 contribui com uma possibilidade de entender este deus
da mitologia africana e afro-brasileira.
Este trabalho conta com a introdução da
Pesquisadora, Mulher, Militante Negra Doutora Rosália Diogo. A capa é de
Guilherme Santana. O desenho de um dos animais símbolos deste orixá, o cavalo
marinho, foi elaborado pela desenhista Sara Galicioli. Sua primeira apresentação
aconteceu no Memorial Minas Vale em BH, em um evento promovido pelo “Instituto Casarão
das Artes”, dirigido pelo artista plástico diamantinense Marcial Ávila. Outro
momento em que o grupo uniu-se para expor sua arte foi no “IPHAN-Casa da Chica”
na cidade de Diamantina, e contou a contribuição do artista plástico Rafael
Cabral na cenografia, propondo uma atmosfera lúdica e propícia para a vivência
poética do encontro com um Orixá.
A apresentação no SINTEGRA 2017, na UFVJM (Universidade
Federal dos Vales de Jequitinhonha e Mucuri) é uma intervenção poética-votiva que conta com o
entrelaçamento de voz, instrumentalização, poesia e Dança. Este encontro conta com a voz de Malu Costa e violão e voz de Gabriel Botelho.
Vindos do remanescente grupo de dança afro da cidade de Diamantina, o Grupo
Bantos, em que Maikel Douglas e Tiago André entrelaçam MPB e pontos do
candomblé, além da performance dançante do orixá Lógunède. E convidada do Grupo "Samba de uma moça só" da cidade de Diamantina, Aninha Sá, que empresta sua voz à
composição do canto para rainha do mar Iemanjá.
Portanto, este é um soar, chamado, inspiração
que povoa todo o povo negro e mestiço. Este sentimento chama-se fé. E a fé uniu
este grupo. A fé de Salomão proporcionou-lhe uma inspiração que o fez escrever
belíssimos Salmos. E desde os primórdios do Cristianismo são propagados como
representação explicita da fé. “Mãe, Pai
& Lógunède” e UM CANTO À MÉTA-METÁ também é uma expressão explicita de
Fé. Entretanto, o enraizamento do preconceito ainda não permite que seja visto
como tal.